A
operação deflagrada nesta terça-feira (9) pelo Ministério Público de 12
Estados para desarticular suspeitos de desvios de verbas públicas
prendeu 92 pessoas em menos de quatro horas. Ao todo, foram cumpridos
333 mandados de busca e apreensão; o total de órgãos investigados chega a
112. Somente no Estado de São Paulo, foram 78 prefeituras investigadas e
13 prisões efetuadas.
O
balanço da operação foi apresentado no final da manhã desta terça-feira
em Porto Velho pelo presidente nacional do Grupo de Combate ao Crime
Organizado dos Ministérios Públicos nacionais, o procurador-geral de
Justiça de Rondônia, Hewerton Aguiar, segundo o qual o total de desvios
chega a R$ 1,140 bilhão.
Aguiar informou que a operação nos 12 Estados
está de acordo com a Meta 18 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que
orienta o combate à improbidade administrativa e à corrupção. A data
escolhida, por sinal, é simbólica: 9 de abril é o Dia Nacional de
Combate à Corrupção.
A ação focou organizações criminosas suspeitas de
desviarem recursos públicos em órgãos municipais e estaduais por meio de
pagamento de propinas, superfaturamento de produtos e serviços,
utilização de empresas fantasmas, lavagem de dinheiro e sonegação
fiscal, atividades que levaram ao enriquecimento ilícito de agentes
públicos, ex-agentes públicos e empresários.
"Se os órgãos
fiscalizadores fizessem um trabalho mais intenso, por meio de
auditorias, em relação à verba pública que se gasta nas licitações, não
haveria necessidade de megaoperações como a de hoje", disse o
procurador, que destacou a participação de instituições como Tribunais
de Conta dos Estados e CGU (Controladoria Geral da União) nas
investigações que levaram às prisões e às apreensões.
O presidente do
grupo especial avaliou a participação de agentes e ex-agentes públicos
nos desvios apurados como "sinal de que o crime organizado se lançou
para dentro do poder público". "Antes, a noção de crime organizado era
só a de tráfico de drogas. Mas os tentáculos dessa organização agora
subtraem dinheiro público e tiram a dignidade do cidadão", disse o
procurador.