sábado, 20 de abril de 2013

"Meu filho vai nascer sem pai; É uma dor grande"


Patrícia Martiniano de Souza, 22 anos, grávida de três meses do companheiro Ednei Brito Pereira, que matou dois policiais a tiros e acabou morto, em Sooretama
Patrícia de Souza, Viúva de Ednei Brito.


Patrícia de Souza, Viúva de Ednei Brito

Grávida de três meses do companheiro Ednei Brito Pereira, que matou dois policiais a tiros e acabou morto, a trabalhadora rural Patrícia Martiniano de Souza, 22 anos, conversou com a reportagem de A GAZETA.

Onde a senhora estava no momento do crime?

Eu também estava na varanda. Aí, quando vi o policial dar a voz de prisão e o Ednei sacar a arma, saí correndo para o quintal e só ouvi os tiros. Cheguei a tropeçar e cair.

A senhora sabia que ele estava sendo procurado?

Não, não sabia disso. A gente estava junto havia quatro meses. Não sabia nem que ele tinha uma arma em casa.

Como conheceu Ednei?

Em uma festa de Natal, no ano passado. Eu já conhecia a irmã dele, e ela nos apresentou. Começamos a namorar. Estou grávida de três meses.

Nesse tempo, como ele agia?

Ele tinha a mania de sair de casa à noite e eu não sabia para onde ele ia. Estava até pensando em me separar. A gente morava há poucos dias aqui. Mas nunca imaginei que ele estava fugindo da polícia.

Ele trabalhava?

Ele falava que costumava trabalhar colhendo café, na Bahia. Mas, todo tempo que estivemos juntos, ele sempre dizia que trabalhava. Aqui na propriedade rural, iria fichar para colher café. A gente já morava aqui na casa porque eu já estava colhendo café aqui.

E agora?

Não caiu a ficha. Como vai ser agora? Meu filho vai nascer sem um pai que acabou de matar dois policiais. A dor é grande.

Policiais mortos eram experientes

José Nivaldo Amaral, 46 anos, e Leone José Pereira da Silva, 52, mortos quando cumpriam um mandado de prisão em Sooretama, ontem, não eram policiais inexperientes.

Amaral era cabo da Polícia Militar antes de ingressar como investigador na Polícia Civil e precisou esperar 19 anos pela homologação do concurso público no qual fora aprovado junto de outros 311 colegas. Já Leone entrou na Polícia Civil em 1991 e atuava como chefe de investigação do DPJ de Linhares.

Presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Espírito Santo (Sinpol-ES), Júnior Fialho lembra de apenas um caso de investigador capixaba assassinado em serviço, em situação semelhante.

Seu nome era Roberval dos Santos Loureiro Muniz. Ele tinha 43 anos quando foi morto no Bairro Campo Verde, em Cariacica, em 1997. Roberval e um colega realizavam levantamentos sobre duas pessoas acusadas de assalto quando um dos suspeitos o matou com um tiro no peito.

Fialho faz questão de descrever o sentimento da categoria com a perda dos dois colegas. “Imagine como estão os filhos deles. Agora, nosso foco de atenção é a família dos dois policiais”.