Pesquisa inédita realizada pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgada nesta quinta-feira mostra como
a vida dos agentes de segurança é afetada pelo exercício da profissão. Segundo
o levantamento, 75,6% deles já foram ameaçados em serviço e 53,1%, fora dele. O
estudo mostra que, por se sentirem em risco por conta do trabalho, eles mudam
os hábitos quando estão fora do emprego.
O uso de transporte público, por
exemplo, é evitado por 61,8% dos entrevistados, enquanto 44,3% têm o hábito de
esconder a farda e/ou o distintivo no percurso entre a casa e o local de
trabalho, e 35,2% procuram esconder a profissão até mesmo de parentes e amigos.
As mudanças de hábito mais notadas
são a de observar o movimento da rua antes de entrar no prédio ou em casa
(92,5%) e não sentar de costas para a entrada em locais públicos (87,4%).
Embora sejam minoria, há ainda quem deixe de conviver com vizinhos e limite o
círculo de amizade aos colegas de trabalho.
A “Pesquisa de vitimização e risco entre
profissionais do sistema de segurança pública”, produzida pelo Fórum em
parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Secretaria Nacional de
Segurança de Segurança Pública, ouviu 10.495 agentes de segurança pública
(policiais militares, civis, federais e rodoviários federais, além de
bombeiros, guardas municipal e agentes penitenciários) de todo o país. O
levantamento, divulgado durante o 9° Encontro Anual do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, no Rio, informa que a maioria dos agentes de segurança
conhecem companheiros de trabalho que morreram em virtude da profissão: 70% têm
colegas que foram vítimas de homicídio fora do trabalho e 61,9% têm colegas que
foram vítimas de homicídio em serviço.
Pesquisas anteriores do Fórum já
mostravam que a maioria dos policiais morrem fora de serviço, quando fazem os
chamados “bicos”. A maioria dos agentes de segurança (65,7%) relata já terem
sido descriminados por conta de seu trabalho e, num ambiente em que a
hierarquia é rígida, 63,5% afirmam que foram vítimas de assédio moral ou
humilhação no ambiente de trabalho. Além disso, a pesquisa revela que os
agentes de segurança também se sentem inseguros quanto a sua atuação
profissional. Principalmente, por falta de equipamentos de proteção (54,5%),
falta de apoio do comando (55,1%) e falta de apoio da sociedade (59,7%). O Globo